sexta-feira, 18 de maio de 2012

Analise da conversação

1.    Descrição e contexto da conversa gravada

A conversa foi gravada no dia 11/05/2012, Sexta-feira, em um escritório de Departamento R.H. (Recursos Humanos). É possível notar no vídeo a disposição das mesas, onde cada funcionário possui uma mesa e telefones. Nesse setor eles organizam documentos, relatórios, fichas e registros de todos os funcionários da empresa Prime Work e, além disso, tiram dúvidas via fone dos funcionários quanto a questão de pagamentos, benefícios, impostos referentes ao F.G.T.S. (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e efetuam atendimentos presenciais aos funcionários recém- admitidos ou demitidos. Neste setor trabalham 4 funcionários.

2.    Transcrição da conversa gravada

1)    Legenda
H1 – Homem 1 – Características: cor negra, jovem e camisa rosa
H2 – Homem 2 – Características: cor morena, meia idade e paletó preto
M1 – Mulher 1 – Características: cor morena, jovem e blusa preta
H3 – Homem 3 – Características: cor morena, jovem e camisa preta 
H4 – Homem 4 – Apenas Áudio
M2 – Mulher 2 – Apenas Áudio

2)    Transcrição
M1 – É...
H1 – Que idade você tem aí?
M1 – Você copiou aí.... ((rindo))
M1 – .... ( ) aí de cabelo duro... ((rindo))...
M1 –  ( )... Tá faltando o carimbo, aí...
H1 – ( )... Não tá muito não...
H2 – Juscelino, a carteira....
H1 – É só aguardar o pagamento que vai cair... Na... Amanhã
M1 – Olha lá, hein..... Risos.... Já
H1 – Já
H1 – O holerith  você já assinou mesmo.
M2 – O Ana...
M1 – Oi.
M2 – Vem aqui um pouquinho.
H1 –  Você tá me filmando...

Toca o telefone

H1 –  ( )... Prime Work
H3 – Ô Rose, pegou a minha caneta
H1 – Não, não passei nada pra ele
H3 – Ué....
H1 – Quê?
H1 – Não, não passei nada pro gerente...
H1 – Não, volta pra cá de novo, pensa que tem cara de idiota
H4 – Wellington, você passou pra aquela ligação do caso da Jamile?
H4 – Pergunta antes, verifica de passar pra cá, trouxa
H1 – Por que?...  É um 13.
M1 – Então tá, bom. Obrigada
M2 – Tchau. Até mais.




3.    Considerações finais

Durante a elaboração do trabalho, o grupo notou a dificuldade de transcrever a conversa gravada, pois na oralidade o uso de frases, ideias, entonações e ênfases são livres, pois o individuo não tem a obrigação muitas vezes de seguir a norma culta em determinadas situações ou contextos. No vídeo analisado, fica claro que a mudança de turno ocorre de forma espontânea, ocorre uma interação na comunicação entre os participantes.

Na análise do vídeo, vimos que a primeira dupla (H1 e M1), se interagem naturalmente, onde M1 realiza o seu trabalho que é de efetuar o desligamento da empresa da M1 e essa por sua vez, segue os passos do H1, na entrega do crachá funcional, na carteira de trabalho entregue para a assinatura de dispensa da empresa e o fio condutor entre eles é a questão das relações de trabalho, e nessa conversação cria-se a construção de sentido.
No decorrer do vídeo notamos a quebra de turno quando a (M2), chama a M1 para uma conversa paralela, onde só extraímos o final da conversa e quando toca o telefone. Durante o atendimento da ligação, vimos que ocorre a interferência do H4, ao dar uma bronca por uma transferência telefônica não comunicada.
A conversação é uma prática social comum nos dias de hoje, porém ao efetuar a transcrição, vemos que não é uma das tarefas mais fáceis. Pois, esbarramos em alguns aspectos como a organização e interpretação dos dados coletados no corpus da pesquisa, pois esses dois itens variam muito de coletor de dados e/ ou pesquisador.

4.    Fontes consultadas

MARCUSCHI, L.A. Análise da conversação. 6. Ed. São Paulo: Ática, 2007b.
DIONISIO, Ângela P. Análise da conversação.In: MUSSALIM, F. & BENTES, A.C. (orgs). Introdução à Linguística – Domínios e Fronteiras. 6ed. São Paulo: Cortez, Vol.2, 2005, p69-99.




terça-feira, 15 de maio de 2012

Superestrutura textual

As superestruturas são esquemas constituídos por categorias formais que organizam o conteúdo do texto. Cada tipo de discurso possui uma superestrutura específica que o diferencia de outros. Por exemplo, a o texto narrativo evidencia uma superestrutura diferente da apresentada pelo texto expositivo.
As categorias que conformam essas estruturas são independentes do conteúdo. Assim, um mesmo conteúdo pode ser organizado em diferentes superestruturas gerando discursos diferentes que desenvolvem o mesmo assunto. Embora as estruturas textuais sejam independentes do conteúdo, elas influem na organização do mesmo. Por exemplo, ao descrever um crime, a ênfase está nas características do fato; ao narrar o mesmo fato, o texto resultante pode estar focado nos motivos que originaram tal ato.

2.1. Superestrutura narrativaA superestrutura narrativa envolve as seguintes categorias:
• Apresentação ou Marco: implica uma situação inicial na qual são apresentadas as personagens, o tempo e o espaço em que transcorrem os fatos e o problema (ou conflito) que desencadeia o relato.
• Episódio: são expostas as ações dos personagens, a meta ou objetivo dos mesmos, os obstáculos que estes enfrentam e as possíveis consequências. Cada episódio conta com uma situação inicial (apresentação do problema ou conflito) e sua resolução (positiva ou negativa). Os episódios são interconectados e vão constituindo a trama do texto.
• Final: estabelece-se um estado novo e diferente ao problema que desencadeou a narração, o que implica que esse evento seja superado.

2. 2. Superestrutura descritivaAs categorias da superestrutura descritiva variam dependendo daquilo que é descrito. Por isso, distinguem-se em diferentes tipos. Basicamente, identificam-se quatro superestruturas descritivas: de cena, de objetos, de espaços e de pessoas. Apesar desta diversidade, existe a categoria de atributo, que está presente na maioria dos tipos de descrição.
Na descrição de objetos, pessoas e espaços, a categoria que possibilita a descrição é a de “atributo”. Ou seja, apresenta-se a pessoa, o espaço ou o objeto e adicionam-se os atributos necessários para que a descrição seja completa.
Não acontece o mesmo com a descrição de cena, já que, neste tipo de superestrutura, é central a ação realizada pelas personagens. Sendo assim, distinguem-se três categorias básicas na descrição de cena:
• Espaço.
• Personagens
• Ações.
O espaço alude ao lugar onde acontece a cena, as personagens são aquelas destacadas na cena e a ação expressa os atos dessas personagens. É necessário distinguir as personagens centrais da cena e aqueles que são parte do espaço; estes últimos são considerados secundários.

2.3. Superestrutura expositiva

Os discursos expositivos apresentam uma estrutura textual composta por três categorias básicas.
• Introdução.
• Desenvolvimento.
• Conclusão
.
A introdução expõe o tema que vai ser tratado. O desenvolvimento inclui os conteúdos que permitem informar sobre o encadeamento do tema apresentado na introdução. Por último, na conclusão, sintetiza-se aquilo que foi desenvolvido.

2.4. Superestrutura argumentativa

As argumentações evidenciam uma estrutura textual que está composta por:
• Tese.
• Argumentos.
• Conclusão
.
A  tese é a ideia defendida através dos argumentos.
Os argumentos são os conteúdos que apoiam a tese exposta.
A conclusão, por sua vez, é derivada dos argumentos.
Tanto os argumentos como a conclusão não devem contradizer a tese, já que se for assim a argumentação não será efetiva. 
                                                                                

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Gêneros textuais
Os gêneros textuais são fenômenos históricos,profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia.Quando falamos em gênero, não podemos nos esquecer de um teórico importante, cujos estudos foram precursores nessa área. Trata-se de Bakthtin, ao qual devemos os conceitos básicos em termos de gênero  
 Contribuições de Bakhtin
         Mikhail Bakhtin, filósofo russo, dedicou a vida aos estudos da linguagem humana, buscando a definição de noções, conceitos e categorias de análise da linguagem com base em discursos cotidianos, artísticos, filosóficos, científicos e institucionais.
         Para Bakhtin a língua materna, seu vocabulário, e sua estrutura gramatical, não conheceram por meio de dicionários ou manuais de gramática, mas graças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicação efetiva com as pessoas que nos rodeiam.
         De acordo com esta visão, a língua só existe em função do uso que locutores (lócus= lugar - de quem fala ou escreve) e interlocutores (lugar de quem escuta ou lê) fazem dela em situações (formais ou informais) de comunicação. O ensinar, o aprender e o empregar a linguagem passam necessariamente pelo sujeito, o agente das relações sociais e o responsável pela composição e pelo estilo dos discursos.
         As esferas de produção dos enunciados são introduzidas a partir da reflexão bakhtiniana sobre a linguagem e suas infinitas possibilidades privilegiou o romance como objeto de estudo, segundo Brait (2005) o romance interessou à Bakhtin porque ocorrem as representações do homem e seu posicionamento o mundo.
         Os gêneros na visão bakhtiniana incorporam uma perspectiva social e interacional. Bakhtin (1992) chama-nos a atenção para a definição de gênero com base em três características: o conteúdo temático, o estilo e a construção composicional. Portanto, para entendermos o que é gênero, devemos partir do pressuposto de que existem tipos de enunciados relativamente estáveis, segundo os três critérios a seguir:
         Quando falamos em conteúdo temático, referimo-nos ao conteúdo que é característico de um gênero.
         O estilo diz respeito ao “modo de dizer”, ou seja, aos recursos utilizados pelo produtor do texto.
         A construção composicional está relacionada à forma, à estrutura do texto que se estabelece de acordo com o gênero.
        
Entre os vários tipos de gêneros podemos citar:
·         Entrevista
·         Noticia
·         Charge
·         História em Quadrinhos


Gênero- entrevista
Um gênero discursivo/textual que é comum e ainda presente no cotidiano da sociedade é a entrevista, que por sua vez abre um leque de possibilidade de interpretação e de uso, tendo em vista que o mesmo é construído a partir dos conhecimentos críticos dos participantes, acerca de um determinado tema. Sendo assim, este gênero possui características peculiares que o tornam único.


                                                 (Entrevista com Clarice Lispector)



        Gênero- Notícia


É aquele texto que os jornalistas chamam de objetivo ou isento, despido de subjetividade. Aqui temos um gênero, bem diverso. As notícias são autorais, isto é, produzidas por um jornalista claramente identificado na matéria. Possuem uma estrutura bem fechada


     Gênero- Charge
 


A Charge é um gênero textual cuja intencionalidade principal é fazer uma critica por meio do humor. As charges destacam-se pela criatividade e abordagem de temas da atualidade. Os personagens geralmente são desenhados seguindo o estilo de caricaturas. Geralmente, abordam diversos temas, tais como assuntos do cotidiano, política, futebol, economia, ciência, relacionamento, artes, consumo, etc.










   Gênero- História em quadrinhos
As histórias em quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por meio de desenhos e textos que utilizam o discurso direto, característico da língua falada.






Preconceito Linguístico
                                                                                                                                
Da mesma forma que a humanidade evolui e se modifica com o passar do tempo, a  língua acompanha essa evolução e varia de acordo com os diversos contatos entre os seres pertencentes à comunidade universal. Assim, é considerada um objeto histórico, sujeita a transformações, que se modifica no tempo e se diversifica no espaço. Existem quatro modalidades que explicam as variantes linguísticas:
  1. variação histórica (palavras e expressões que caíram em desuso com o passar do tempo);
  2. variação geográfica (diferenças de vocabulário, pronúncia de sons e construções sintáticas em regiões falantes do mesmo idioma);
  3. variação social (a capacidade linguística do falante provém do meio em que vive, sua classe social, faixa etária, sexo e grau de escolaridade);
  4. variação estilística (cada indivíduo possui uma forma e estilo de falar próprio, adequando-o de acordo com a situação em que se encontra).
Com a existência das várias modalidades da língua surgiu o preconceito linguístico e  qualquer que seja ele, é de um verdadeiro mau gosto, mas não há, neste mundo, quem não tenha alguma ideia ou atitude preconceituosa. Entende-se como preconceito Linguístico o julgamento depreciativo contra determinadas variedades linguísticas.
Um equívoco que contribui para disseminação do preconceito é restringir a gramática ao ensino da língua. Cada vez mais se acredita que o domínio da gramática normativa garante leitores/escritores críticos. Essa noção errônea é difundida tanto na escola, como em inúmeros manuais que mostra que a  única forma correta de falar e escrever são aquela que segue a gramática normativa e como errada todas as variedades não padrão da língua. Entretanto a variedade existe e é adequada a situação que o falante encontra-se.
 Em seu livro sobre preconceito linguístico Marcos Bagno afirma que "o preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogadas nos dicionários (...)".



Logo no primeiro capítulo, ele aponta oito MITOS do preconceito linguístico, que são:
    1.   "A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”
2. "Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”
3. "Português é muito difícil”
4. "As pessoas sem instrução falam tudo errado”
5. "O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão”
6. "O certo é falar assim porque se escreve assim"
7. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem”
8. "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social"

O livro trás a tona a discussão acerca da confusão que muitas pessoas faz entre língua e gramática normativa. Para o autor, o que acontece é que a língua não é considerada um tema político e que esta, não deve ser levada em consideração só como uma coisa morta, mas devem-se considerar também as pessoas vivas que a falam.




Variedade Linguística


Todos nos já observamos em contato com outras pessoas, nas ruas, nas escolas, que a língua portuguesa não é escrita do mesmo modo como é falada. Isso ocorre por diferentes motivos: porque a pessoa vem de outra região; por ser mais velha ou mais jovem; por ser uma pessoa que tenha estudado mais ou menos (maior ou menor grau de escolaridade); por pertencer a grupos ou classes diferentes (uma pessoa que vive em uma cidade tem uma forma de falar diferente de uma pessoa que vive no interior), enfim, a língua ela é viva, sempre muda e aceita todas as formas de comunicações e expressões do falante.
A oralidade                             
·       A interação é face a face.
·       Planejamento é simultâneo (a comunicação ocorre ao mesmo tempo, sem tempo para apagar o que já foi dito).
·       Não segue regras, é espontânea,quando falamos ,além das palavras utilizamos outros elementos como os gestos, os olhares, a expressão do rosto e o tom da voz.
·       É a forma de comunicação mais antiga e utilizada no dia -a -dia por ser natural.
·       Segue a norma coloquial /popular por ser viva e espontânea, varia de acordo com a circunstância de uso.


    A escrita
·       A interação é a distancia
·       Devemos ter o cuidado especial com a pontuação, a escrita correta da palavra e a sua colocação no texto para que seja entendido.
·       Planejada
·       Completa
·       Elaborada
·       Segue a norma padrão (é uma norma onde devemos seguir algumas regras para escrevermos corretamente, utilizada em livros, jornais, revistas e é essa que aprendemos na escola)




Para entendermos...
Os níveis de fala compreendem o modo como o falante se manifesta nas diversas situações vividas. Muitos fatores influenciam na maneira como determinado individuo fala: idade, sexo, grau de escolaridade, local onde trabalha cargo que ocupa, onde estuda local onde mora, profissão, o caráter, a criação, as amizades, a família de modo geral. 
 As variações da língua são de duas ordens:
  1-As variantes comuns a um grupo, chamados dialetos.
  2-As variantes do uso de cada sujeito, na situação concreta de interação, chamada registros.

Registro formal/informal

Registro formal

O registro formal é aquele em que se usa o padrão culto da língua, isto é, aquela ensinada na gramática.
Apresenta um caráter comum, sofisticado, usado nos bons jornais, em palestras sobre matéria científica, solenidade de formatura, cartas endereçadas a uma autoridade, sempre seguindo normas da língua culta.



 
          


Registro Informal
O registro informal é aquele que ocorre a manifestação espontânea da língua. Independe de regras, apresentam gírias, restrição de vocabulário, formas subtraídas das palavras. Estão presentes nas conversas com amigos, familiares, pessoas com quem temos intimidade.



 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Hibridismo de gêneros


O termo hibridismo no contexto linguístico é usado para designar o surgimento de novos gêneros.Esses gênero que emergiram no ultimo século no contexto das mais diversas midias criam formas comunicativas próprias com um certo hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão dicotômica ainda presente em muitos manuais de ensino de língua.
O fenômeno de hibridização tem se tornado cada vez mais comum nas sociedades,ou seja dentro de um gêneros surge outros.
 
Exemplo de hibridização em gêneros na atualidade:

A crônica é um gênero híbrido, ou seja, tem características do texto informativo e do texto literário.



Resumo de livros

Livro: "Ler e compreender: os sentidos do texto" - Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias (Resumo)

   Este livro te ajudará a entender as contribuições da Linguística Textual para a teoria e pratica de ensino da leitura, como pressuposto básico a concepção de que o texto é lugar de interação de sujeitos sociais.


  
   Cada um dos nove capítulos apresenta de forma simples e didática, as principais estratégicas que os leitores tem a sua disposição. Conforme mencionam Koch e Elias, na introdução do volume, para "estabelecer uma ponte entre teorias sobre texto e leitura, está aqui considerado a habilidade de compreensão/interpretação de textos, e praticas de ensino" (p.08). Nessa perspectiva, a leitura é assumida como "uma atividade interativa altamente complexa de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguístico presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo" (p.11). Em cada capitulo do livro, são discutidos fenômenos ou objetos de estudo do texto,  bem como seus desdobramentos para as atividades de leitura.  Sistema de conhecimento e processamento textual, contexto,  intertextualidade, referenciação, sequenciação textual e gênero textual são alguns desses fenômenos ou objetos de estudo.

Resumo do Capítulo 1 – Leitura, texto e sentido – Ler e compreender: os sentidos do texto / Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias – 3ª. Ed. – São Paulo: Contexto, 2009.
Concepção de leitura
O que é ler? Para que ler? Como ler? Evidentemente, as perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos, os quais revelarão uma concepção de leitura decorrente da concepção de sujeito, língua, de texto e de sentido que se adote.

Foco no autor
Sobre essa questão, KOCH (2002) afirma que à concepção de língua como representação do pensamento corresponde à de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações.(...) O foco da atenção é, pois, o autor e suas intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão –somente ao leitor captar essas intenções.

Foco no texto
Nessa concepção de língua como código – portanto, como mero instrumento de comunicação – e de sujeito como (pré)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.

Foco na interação autor-texto-leitor
Diferentemente das concepções anteriores, na concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto.
Em outras palavras, espera-se que o leitor, concorde ou não com as ideias do autor, complete-as, adapte-as etc., uma vez que “toda compreensão é prenhe de respostas e, de uma forma ou outra, forçosamente, a produz” (BAKHTIN, 1992:20)

Objetivos de leitura
É claro que não devemos nos esquecer de que a constante interação entre o conteúdo do texto e o leitor é regulada também pela intenção com que lemos o texto, pelos objetivos de leitura.

Leitura e produção de sentido
É preciso levar em conta os conhecimentos do leitor, condição fundamental para o estabelecimento da interação, com maior ou menor intensidade, durabilidade, qualidade.

Leitura e ativação de conhecimento
A leitura e a produção de sentido são atividades orientadas por nossa bagagem sociocognitiva: conhecimentos da língua e das coisas do mundo (lugares sociais, crenças, valores, vivências).

Pluralidade de leituras e sentidos
Pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constituído, do que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido, por um lado; da ativação, por parte do leitor, de conhecimentos de natureza diversa, e de sua atitude cooperativa perante o texto, por outro lado.

Fatores de compreensão da leitura
Autor/leitor
Esses fatores referem-se a conhecimento dos elementos linguísticos (uso de determinadas expressões, léxico antigo etc.), esquemas cognitivos, bagagem cultural, circunstâncias em que o texto foi produzido.

Texto
Além dos fatores autor/leitor, há os derivados do texto que dizem respeito à sua legibilidade, podendo ser materiais (tamanho e clareza das letras), linguísticos ou de conteúdo (léxico e estruturas sintáticas complexas) (cf. ALLIENDE & CONDEMARÍN, 2002).

Escrita e leitura: contexto de produção e contexto de uso
Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto escrito e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da escrita (contexto de produção) podem ser absolutamente diferentes das circunstâncias da leitura (contexto de uso), esse fato interfere na produção de sentido.

Texto e leitura
Destacamos que a leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor, pois, se o autor apresenta um texto incompleto, por pressupor a inserção do que foi dito em esquemas cognitivos compartilhados, é preciso que o leitor o complete, por meio de uma série de contribuições.
Nesse processo, ressalta-se que a compreensão não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir dinamicamente (ALLIENDE E CONDEMARÍN, 2002: 126-7).

Resumo do Capítulo 2 – Leitura, sistemas de conhecimentos e processamento textual – Ler e compreender: os sentidos do texto / Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias – 3ª. Ed. – São Paulo: Contexto, 2009.

KOCK (2002) afirma que, para o processamento textual, recorremos a três grandes sistemas de conhecimento:
·         Conhecimento linguístico;
·         Conhecimento enciclopédico;
·         Conhecimento interacional.

Conhecimento linguístico: abrange o conhecimento gramatical e lexical. Podemos compreender: a organização do material linguístico na superfície textual; o uso dos meios coesivos para efetuar a remissão ou seqüenciação textual; a seleção lexical ao tema ou aos modelos cognitivos ativados.
Conhecimento enciclopédico: refere-se a conhecimentos gerais sobre o mundo – uma espécie de theasaurus mental – bem como conhecimentos alusivos a vivências pessoais e eventos espácio-temporalmente situados, permitindo a construção de sentidos.
Conhecimento interacional: refere-se às formas de interação por meio da linguagem e engloba os conhecimentos: ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural.
·         Conhecimento ilocucional: permite-nos reconhecer os objetivos ou propósitos pretendidos pelo produtor do texto, em uma dada situação interacional.
·         Conhecimento comunicacional: diz respeito à quantidade de informação necessária, numa situação comunicativa concreta; seleção da variante linguística e adequação do gênero textual à situação comunicativa.
·         Conhecimento metacomunicativo: permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido.
·         Conhecimento estrutural: permite a identificação de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social.

Livro:"A importância do ato de ler"-Paulo Freire


O livro “A Importância do Ato de Ler” de Paulo Freire relata os aspectos da biblioteca popular e a relação com a alfabetização de adultos desenvolvida na República Democrática de São Tomé e Príncipe.





Ao mesmo tempo, nos esclarece que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo e também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização, colocando o papel do educador dentro de uma educação, onde o seu fazer deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história, inserindo o alfabetizando num processo criador, de que ele é também um sujeito.
Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. Na verdade, aquele mundo especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto em cuja percepção experimentava e, quando mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão ia aprendendo no seu trato com eles, na sua relação com seus irmãos mais velhos e com seus pais.
             A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.
Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de alfabetização que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem, carregadas da significação de sua experiência existencial e não da experiência do educador.
                   O ser humano é capaz de ler e escrever o mundo em que vivem antes de ser alfabetizado pela forma tradicional, pois assiste a tudo ao seu redor e pode contar o que visualizou em forma de narrativa. Podem também trabalhar e viver em sociedade antes da alfabetização. Por exemplo, existem pedreiros que não sabem ler, mas desenvolvem sua função da mesma forma que um alfabetizado.
                   Ler não é somente pronunciar cada palavra para si ou em voz alta, e sim interagir com o texto proposto e compreender sua mensagem. Tendo essa afirmativa como verdadeira, chega-se à conclusão que existem muitos alunos saindo do ensino médio sem saber ler, visto que eles correm seus olhos sobre as palavras, mas não identificam sobre o que trata o texto.
A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se chamou de codificações, que são representações da realidade. No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma “leitura da leitura” anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na percepção crítica, interpretação e “reescrita” do lido.