terça-feira, 8 de maio de 2012

Resumo de livros

Livro: "Ler e compreender: os sentidos do texto" - Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias (Resumo)

   Este livro te ajudará a entender as contribuições da Linguística Textual para a teoria e pratica de ensino da leitura, como pressuposto básico a concepção de que o texto é lugar de interação de sujeitos sociais.


  
   Cada um dos nove capítulos apresenta de forma simples e didática, as principais estratégicas que os leitores tem a sua disposição. Conforme mencionam Koch e Elias, na introdução do volume, para "estabelecer uma ponte entre teorias sobre texto e leitura, está aqui considerado a habilidade de compreensão/interpretação de textos, e praticas de ensino" (p.08). Nessa perspectiva, a leitura é assumida como "uma atividade interativa altamente complexa de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguístico presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo" (p.11). Em cada capitulo do livro, são discutidos fenômenos ou objetos de estudo do texto,  bem como seus desdobramentos para as atividades de leitura.  Sistema de conhecimento e processamento textual, contexto,  intertextualidade, referenciação, sequenciação textual e gênero textual são alguns desses fenômenos ou objetos de estudo.

Resumo do Capítulo 1 – Leitura, texto e sentido – Ler e compreender: os sentidos do texto / Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias – 3ª. Ed. – São Paulo: Contexto, 2009.
Concepção de leitura
O que é ler? Para que ler? Como ler? Evidentemente, as perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos, os quais revelarão uma concepção de leitura decorrente da concepção de sujeito, língua, de texto e de sentido que se adote.

Foco no autor
Sobre essa questão, KOCH (2002) afirma que à concepção de língua como representação do pensamento corresponde à de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações.(...) O foco da atenção é, pois, o autor e suas intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão –somente ao leitor captar essas intenções.

Foco no texto
Nessa concepção de língua como código – portanto, como mero instrumento de comunicação – e de sujeito como (pré)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.

Foco na interação autor-texto-leitor
Diferentemente das concepções anteriores, na concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto.
Em outras palavras, espera-se que o leitor, concorde ou não com as ideias do autor, complete-as, adapte-as etc., uma vez que “toda compreensão é prenhe de respostas e, de uma forma ou outra, forçosamente, a produz” (BAKHTIN, 1992:20)

Objetivos de leitura
É claro que não devemos nos esquecer de que a constante interação entre o conteúdo do texto e o leitor é regulada também pela intenção com que lemos o texto, pelos objetivos de leitura.

Leitura e produção de sentido
É preciso levar em conta os conhecimentos do leitor, condição fundamental para o estabelecimento da interação, com maior ou menor intensidade, durabilidade, qualidade.

Leitura e ativação de conhecimento
A leitura e a produção de sentido são atividades orientadas por nossa bagagem sociocognitiva: conhecimentos da língua e das coisas do mundo (lugares sociais, crenças, valores, vivências).

Pluralidade de leituras e sentidos
Pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constituído, do que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido, por um lado; da ativação, por parte do leitor, de conhecimentos de natureza diversa, e de sua atitude cooperativa perante o texto, por outro lado.

Fatores de compreensão da leitura
Autor/leitor
Esses fatores referem-se a conhecimento dos elementos linguísticos (uso de determinadas expressões, léxico antigo etc.), esquemas cognitivos, bagagem cultural, circunstâncias em que o texto foi produzido.

Texto
Além dos fatores autor/leitor, há os derivados do texto que dizem respeito à sua legibilidade, podendo ser materiais (tamanho e clareza das letras), linguísticos ou de conteúdo (léxico e estruturas sintáticas complexas) (cf. ALLIENDE & CONDEMARÍN, 2002).

Escrita e leitura: contexto de produção e contexto de uso
Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a produção do texto escrito e a sua leitura, pode passar muito tempo, as circunstâncias da escrita (contexto de produção) podem ser absolutamente diferentes das circunstâncias da leitura (contexto de uso), esse fato interfere na produção de sentido.

Texto e leitura
Destacamos que a leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor, pois, se o autor apresenta um texto incompleto, por pressupor a inserção do que foi dito em esquemas cognitivos compartilhados, é preciso que o leitor o complete, por meio de uma série de contribuições.
Nesse processo, ressalta-se que a compreensão não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir dinamicamente (ALLIENDE E CONDEMARÍN, 2002: 126-7).

Resumo do Capítulo 2 – Leitura, sistemas de conhecimentos e processamento textual – Ler e compreender: os sentidos do texto / Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias – 3ª. Ed. – São Paulo: Contexto, 2009.

KOCK (2002) afirma que, para o processamento textual, recorremos a três grandes sistemas de conhecimento:
·         Conhecimento linguístico;
·         Conhecimento enciclopédico;
·         Conhecimento interacional.

Conhecimento linguístico: abrange o conhecimento gramatical e lexical. Podemos compreender: a organização do material linguístico na superfície textual; o uso dos meios coesivos para efetuar a remissão ou seqüenciação textual; a seleção lexical ao tema ou aos modelos cognitivos ativados.
Conhecimento enciclopédico: refere-se a conhecimentos gerais sobre o mundo – uma espécie de theasaurus mental – bem como conhecimentos alusivos a vivências pessoais e eventos espácio-temporalmente situados, permitindo a construção de sentidos.
Conhecimento interacional: refere-se às formas de interação por meio da linguagem e engloba os conhecimentos: ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural.
·         Conhecimento ilocucional: permite-nos reconhecer os objetivos ou propósitos pretendidos pelo produtor do texto, em uma dada situação interacional.
·         Conhecimento comunicacional: diz respeito à quantidade de informação necessária, numa situação comunicativa concreta; seleção da variante linguística e adequação do gênero textual à situação comunicativa.
·         Conhecimento metacomunicativo: permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido.
·         Conhecimento estrutural: permite a identificação de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social.

Livro:"A importância do ato de ler"-Paulo Freire


O livro “A Importância do Ato de Ler” de Paulo Freire relata os aspectos da biblioteca popular e a relação com a alfabetização de adultos desenvolvida na República Democrática de São Tomé e Príncipe.





Ao mesmo tempo, nos esclarece que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo e também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização, colocando o papel do educador dentro de uma educação, onde o seu fazer deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história, inserindo o alfabetizando num processo criador, de que ele é também um sujeito.
Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. Na verdade, aquele mundo especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto em cuja percepção experimentava e, quando mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão ia aprendendo no seu trato com eles, na sua relação com seus irmãos mais velhos e com seus pais.
             A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.
Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de alfabetização que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem, carregadas da significação de sua experiência existencial e não da experiência do educador.
                   O ser humano é capaz de ler e escrever o mundo em que vivem antes de ser alfabetizado pela forma tradicional, pois assiste a tudo ao seu redor e pode contar o que visualizou em forma de narrativa. Podem também trabalhar e viver em sociedade antes da alfabetização. Por exemplo, existem pedreiros que não sabem ler, mas desenvolvem sua função da mesma forma que um alfabetizado.
                   Ler não é somente pronunciar cada palavra para si ou em voz alta, e sim interagir com o texto proposto e compreender sua mensagem. Tendo essa afirmativa como verdadeira, chega-se à conclusão que existem muitos alunos saindo do ensino médio sem saber ler, visto que eles correm seus olhos sobre as palavras, mas não identificam sobre o que trata o texto.
A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se chamou de codificações, que são representações da realidade. No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma “leitura da leitura” anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na percepção crítica, interpretação e “reescrita” do lido.

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